Umbanda Hoje

POR QUE A UNIÃO FRACASSA?

Decorridos quase 100 anos desde a anunciação da Umbanda no plano físico pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, fato histórico ocorrido em 15/16 de novembro de 1908, no bairro de Neves, São Gonçalo – RJ, antigo distrito de Niterói, muito se tem discorrido e debatido sobre as várias tentativas frustradas em se unirem os vários terreiros existentes em torno de bases e diretrizes unionistas, para uma maior organização e harmonização do Movimento Umbandista.

            Poderíamos apontar várias causas para o não êxito da tão sonhada unificação (diferente de uniformização). Porém, e para nossa tristeza e inquietação, todas elas têm como fator desencadeador o trinômio vaidade-egocentrismo-oportunismo, o que nos leva a crer que muitas pessoas ainda não estão preparadas moral e espiritualmente para assumirem missão de tamanha envergadura. A divergência começa, pasmem os leitores, pela tentativa de certos setores em não reconhecerem a Umbanda como religião genuinamente brasileira e negarem o Caboclo das Sete Encruzilhadas como sendo o porta-voz da Corrente Astral de Umbanda (temos conhecimento de pessoas que omitem a terceiros o acontecimento ocorrido em 1908 por sentimentos e interesses vis). O que nos deixa perplexos é o fato de que aqueles que não aceitam a Umbanda como sendo religião brasileira, nunca se dignaram a efetuar um estudo sério e imparcial sobre a Entidade Espiritual retrocitada, tão pouco em relação a seu médium, Zélio Fernandino de Moraes, limitando-se a difundirem entendimentos infundados, inócuos, sem nenhuma base fática.

            Outra divergência é a que diz respeito a quem deve caber a liderança de um Movimento de Unificação. E de novo ficamos de “cabelos em pé” com algumas criaturas se digladiando para ostentarem o título de “unificador-mor” da religião. Estes indivíduos, mais preocupados em deixarem sua “marca” estampada do que propriamente realizarem alguma obra em favor da Umbanda, não têm a humildade e a visão de que a religião deverá estar acima dos interesses pessoais e da vaidade de alguns.

            Um pouco mais adiante, nova celeuma. Porque aqueles cidadãos “eleitos” para estarem à frente do processo de organização e dinamização do Movimento, começam a querer ser o centro das atenções e os únicos a tomarem decisões, não levando em consideração a opinião e as ideias de outros, que podem ser melhores para a Umbanda; o reflexo é previsível. Outro fator para o insucesso dos vários movimentos de unificação foi e é o repugnante oportunismo. É que alguns, movidos por ideias e ideais que só trazem benefícios a seus próprios interesses, começam a vislumbrar a oportunidade de se valerem do movimento de unificação para galgarem cargos políticos, para se locupletarem (enriquecimento ilícito), e ganharem status. Para estes a finalidade precípua de esclarecer, difundir e enaltecer os postulados da Sagrada Lei de Umbanda, que é o fim único do processo, fica em plano secundário, dando lugar a interesses subjetivos e sem nenhum valor espiritual.

            Não obstante termos colocado a mais pura e dolorosa realidade para a ocorrência de consecutivos fracassos de unificação dos terreiros, o desânimo não deve prosperar, pois temos a certeza que o Plano Espiritual está atento e no momento apropriado congregará irmãos realmente compromissados com nossa religião, que tomarão para a si a valorosa missão de unificação dos umbandistas. Os que realmente se preocupam com o futuro da Umbanda devem continuar o seu trabalho.

            Preciso é que todos tenham consciência de que inexoravelmente as pessoas passam e que o maior legado que podem deixar para os umbandistas do futuro é um movimento forte, coeso, e fraternizado, dando mostras que o importante é servir a nossa querida Umbanda, e não se servir dela.

            Saravá Umbanda