Umbanda Hoje

NA CAUDA DO COMETA
“A Corrente Astral de Umbanda adverte: Falta de raciocínio, lógica e bom senso, faz mal à Religião”.

         Descortinamos a presente matéria com o slogan acima citado para fincarmos posição acerca de determinado fenômeno, de teor negativo e nocivo, que parece ganhar corpo dentro de um significativo número de Templos Umbandistas.

        Esclarecer, difundir e enaltecer esta grande e belíssima religião que é a Umbanda sempre foi, é e será nossa proposta. E para se alcançar tais finalidades é preciso não só falar sobre os aspectos positivos dentro de nosso segmento religioso, mas também apontar acontecimentos dentro do Movimento Umbandista que vão de encontro, vale dizer, que afrontam os princípios salutares da Umbanda, bem como deixam indignados os que professam o religare com amor, renúncia e responsabilidade.

          Neste sentido, um evento bastante preocupante começa a expandir-se continuamente em muitos terreiros, verdadeiro vírus a infectar a capacidade intelectiva de sacerdotes e fiéis. Referimo-nos a tenebrosa e conhecida “Lavagem Cerebral”, ou como correta e doutrinariamente nominamos Indução Mental Massificada de Conteúdo Negativo.

     Largamente utilizado como ferramenta de manobra pela esmagadora maioria dos religiosos protestantes neopentecostais (“evangélicos”), este procedimento enclausurante consiste em incutir e enraizar na psiquê dos adeptos uma gama de informações de interesse do agente, utilizando-se de técnicas de neurolinguística e repetição gesticular, reprogramando a mente dos fiéis conforme a conveniência e os propósitos a serem alcançados pelo indutor. Além deste resultado funesto, a “lavagem mental” funciona também como poderoso bloqueador de raciocínio, anulando total ou parcialmente a capacidade de indagações ou questionamentos sobre as informações recepcionadas, e bem assim repelindo quaisquer esclarecimentos que se contraponham a elas (as informações).

            Mais para que haja plena eficiência na aplicação dos métodos persuasivos retrocitados é necessária uma predisposição do público-alvo a ser sugestionado e subjugado mentalmente. Fatores como ignorância (falta de conhecimento), desespero e fé irracional costumam se revelar como circunstâncias de extrema valia para o sucesso de ignóbil empreitada. É que estas situações impedem o indivíduo de seguir as regras básicas diante de argumentos que lhes são dirigidos, a saber: captação de notícias, reflexão/questionamento, absorção/assimilação ou rejeição/repúdio.

            Temos observado em programas de televisão patrocinados por diversas denominações “evangélicas” a aplicação destes processos de controle e dominação da mente humana. Manipulando palavras, difundindo sofismas, pervertendo as diretrizes da Espiritualidade e confinando o raciocínio dos seguidores no curral das atrofias, vão os “religiosos” com retórica de senadores da antiga Roma se locupletando dos dízimos e ofertas, empurrando para o calabouço das ilusões os desesperados, ignorantes e medrosos.

        E para a nossa tristeza e irresignação alguns dirigentes físicos de Templos Umbandistas, acompanhantes assíduos das programações televisivas “evangélicas”, aprenderam os métodos de espoliação financeira e domínio da mente com aqueles que atacam nossa religião; não perderam tempo em copiarem de seus “professores” as técnicas de escravidão psicológica, fazendo de médiuns e assistentes meros robôs, cuja alienação mental impede qualquer reação a esta estratégia espúria que tanto mal faz às pessoas.

        Aos que têm olhos abertos e percepção aguçada, atentos mais ao conteúdo do que a forma, é fácil visualizar este sistema de opressão mental praticado por alguns dirigentes de núcleos umbandistas, àvidos por alcançarem os mesmos resultados obtidos por seus colegas “evangélicos”.

            Detectamos dentro do Movimento Umbandista a difusão de certas doutrinas e filosofias que parecem subestimar a inteligência das pessoas. Seus idealizadores, gananciosos e insensíveis aos apelos do Plano Astral, propagam preceitos, conceitos e métodos de trabalho incoerentes e impertinentes, infundindo em terceiros que sua “escola” doutrinária é a detentora da verdade, é imaculada e proveniente das altas esferas espirituais. Semelhante a certos “religiosos” protestantes que tentam desqualificar o labor umbandista entre seus seguidores anencéfalos, depreciam, menosprezam e ofendem todos aqueles que não se curvam as suas investidas, que fazem uso do raciocínio, do bom senso e da lógica para recusarem argumentos infundados, E estes intitulados dirigentes “martelam” diuturna e maciçamente serem os proprietários dos mistérios divinos e únicos porta-vozes do mundo espiritual. É a expressão clara da tão conhecida e velha luta pelo poder, pelo monopólio doutrinário religioso, pelo controle da religião e da mente de sacerdotes, fiéis e simpatizantes.

            Sempre que nos é permitido, costumamos aconselhar aos adeptos da Umbanda a se valerem de cabíveis instrumentos de defesa contra esta avalanche de modismos, invencionices e disparates que se infiltram nos Templos Umbandistas. Exortamos os irmãos de fé a se instruírem doutrinariamente, a não assimilarem determinados ensinos sem antes passa-los pela peneira da razão, da credibilidade e da respeitabilidade, a não se assombrarem ou impressionarem com palavras ou discursos de efeito, com promessas de ganhos fáceis e resolução de todos os problemas existentes. “Passe de mágica” só existe na imaginação daqueles que utilizam artifícios malévolos para fazerem vegetar a mente humana, deixando-a em estado de inércia intelectual, apta a ser manipulada como inanimada marionete no teatro da vida.

            Não obstante ter-se à disposição um grande acervo histórico sobre as vertentes negativas nas relações religião-homem-religião e de seus reflexos fúnebres dentro dos sistemas religiosos que nos são conhecidos, oportuno ao conhecimento de que até onde chega a ambição, o devaneio e a maldade de alguns, os incautos preferem baixar a guarda e se deixarem levar pela correnteza da subserviência. Hipnotizados pela “luminosidade” do cometa, seguem seu rastro de forma impassível, em sua cauda, sem perceberem que tal astro, embora altivo em sua forma, é matéria que por onde passa e toca deixa rastros de destruição.

            Você, irmão umbandista, fiel às bases e diretrizes de nossa iluminada religião, não se deixe contagiar por este vendaval que tenta arrasta-lo para exotismos verbais e excrescências comportamentais. Lute como um verdadeiro e aguerrido filho de Umbanda, procurando caminhar com luz própria, a dispensar a luminescência artificial de terceiros.

            Saravá Umbanda!