Umbanda Hoje

R$ FESTA NA FLORESTA, 00

         Não, amigo leitor! O título da matéria em foco não está com erros de digitação. Inserimos o símbolo de nossa moeda nacional (R$- REAL) para deixarmos patente a gravidade da celeuma a discorrer, e chamarmos à atenção sobre um fato que infelizmente avoluma dentro de arapucas que se intitulam Templos de Umbanda.

Talvez alguns possam ter opinião de que o termo retrocitado (arapucas) seja um excesso de nossa parte. No entanto, que nome daria um respeitável, dedicado e verdadeiro filho de Umbanda a um lugar em que, sob o falso pretexto de estar recebendo orientações da Espiritualidade, certos indivíduos se beneficiam da fé, da boa vontade, da ignorância, e do desespero alheios?

Prossigamos.

Malgrado os desvios de comportamento de alguns sacerdotes que ao longo do tempo se utilizaram das religiões que professavam ou professam para auferirem vantagens pessoais, é inconteste que o mundo espiritual implantou os vários sistemas religiosos existentes no globo terrestre como importante instrumento de suporte a nossa evolução espiritual. É nas religiões que encontramos o bálsamo consolador que nos conforta quando passamos por situações difíceis em nossa via encarnatória, fazendo-nos absorver os eflúvios divinos com toda sua energia celestial, banhando os necessitados de modo a torná-los fortes e seguros em sua caminhada ascensional.

Nas religiões também aprendemos a sorver os nobres conceitos e práticas sobre a caridade, o amor, da pujança do Bem, e dos prejuízos advindos com o mal que fazemos ao próximo. De igual maneira, aprendemos nos círculos religiosos noções de moralidade, de humildade, de sinceridade, de honestidade, e tantos outros valores importantes a nossa formação espiritual e social.

Em contrapartida, são nos espaços religiosos que expressamos nossa crença, fé, amor, esperança, arrependimento, e outras manifestações que de algum modo nos auxiliam a cada vez mais fortalecermos o inquebrantável elo que nos une ao Divino.

Nos Templos Umbandistas que detêm o selo de outorga do Plano Espiritual para o exercício das atividades mediúnico-espirituais, levadas a efeito por indivíduos sérios e comprometidos em bem e fielmente se colocarem como dignos instrumentos (médiuns) de interação entre a Espiritualidade e o plano físico, observa-se a grande comunhão que se realiza entre as entidades espirituais e os assistentes, num harmônico processo de relação entre encarnados e desencarnados. Em giras ou sessões, lá estão os fiéis exteriorizando seu amor,  seu carinho, respeito, esperança e fé, agradecendo a Deus  por Ele possibilitar o contato entre seus mensageiros espirituais e os que alí comparecem.

Em dias e horas pré-determinados os legionários espirituais de Aruanda, firmes em seu propósito de cumprir cabalmente as diretrizes do astral superior, dão uma pausa nas suas atividades extratemplo, para acoplarem (incorporarem) em seus médiuns, e assim consolar, orientar, admoestar, curar, e fazer sorrir os doentes da alma e do corpo.

Quão maravilhosa é a Corrente Astral de Umbanda!

Porém, caminhando no sentido inverso às diretrizes do Plano Espiritual, determinados elementos, de forma consciente, estão a se valer da fé, da ignorância (falta de conhecimento) e do desespero dos assistentes (de alguns médiuns também) que procuram os préstimos de uma Casa Umbandista para, à custa destes, se beneficiarem financeiramente.

A fim de captarem recursos (dinheiro) que servirão de base ao sustento de seu estilo de vida (aquisição de automóveis novos, imóveis, jóias, roupas de grife, conta-corrente com elevado saldo etc.), estes indivíduos, que não consideramos umbandistas de fato e de direito, andam a aumentar escandalosamente o número de sessões ou giras nos “terreiros” que presidem, não face ao grande número de pessoas necessitadas, mas tão somente para fazer crescer o faturamento da Casa.

Sem nenhuma chancela do Plano Astral e esquecendo-se (ou fingindo esquecer) que a Espiritualidade a tudo observa, além de desprezar o aspecto fisiológico do médium de incorporação em sessões ou giras sucessivas (perda de fluido vital, fadiga etc.),  utilizam locais que deveriam ser prontos-socorros espirituais em lojas comerciais onde a única regra imperante é FATURAR! Empurram aos assistentes, que neste contexto não passam de clientes, kits-oferendas, kits-banhos, imagens “ungidas”, pós da “sorte”, realizam procissões no espaço interno, impelindo os presentes a comprarem velas, fitas coloridas, preces impressas etc. Atrasam propositalmente o início da gira ou sessão e/ou dão intervalos extensos para forçar o consumo na cantina, sugestionam (ou coagem) os assistentes a fazerem “obrigações”,  aliciam pessoas para entrarem para o corpo mediúnico, dizendo-lhes que são médiuns de incorporação e que precisam ‘desenvolver” (em realidade procuram aumentar o número de médiuns para fazer crescer a arrecadação), e por aí vai.

            Copiando a “arte” de tirar dinheiro do povo, aprendida na televisão com os arrecadadores de tributos religiosos (dízimos e ofertas), estes ditos dirigentes implantam sessões ou giras extras, festas diversas, “correntes” do amor, da prosperidade, da união conjugal, dos empresários, da fartura, da vitória etc. E o povo, faminto por milagres, acaba sendo influenciado a frequentar estes eventos. E a arrecadação aumenta mais…

            E todos estes atos reprováveis caem na responsabilidade dos espíritos. Porque os que assim agem tratam logo de justificarem suas ações vociferando aos quatro cantos tratar-se de orientações recebidas das entidades espirituais. Mentira!

            Tais comportamentos têm origem na mente deles mesmos, gananciosos por tirarem até o último vintém dos incautos, não importando estarem subvertendo a imagem da Umbanda-Religião.

            Não raras vezes nos chegam notícias e/ou vivenciamos os reflexos advindos às pessoas que desta maneira procedem. Ficam sem credibilidade, perdem o respeito de terceiros, caem no ostracismo, têm doenças reajustadoras, e daí por diante.

            Caro leitor, ser umbandistas é servir à causa espiritual, não usá-la como meio de enriquecimento ilícito e imoral.

            Lembremos aquele velho e sábio ditado: ”Quem planta, colhe!”.

            Saravá Umbanda!