Umbanda Hoje

O PORQUÊ DOS UNIFORMES

         Determinado dia, numa conversa sobre religiões, em que os interlocutores eram umbandistas e espíritas, defrontei-me com a afirmação de um deles (kardecista) sobre a desnecessidade da utilização de vestimentas uniformes na Umbanda, e que tal prática era irrelevante para o intercâmbio com a Espiritualidade.

            Em razão da ignorância (falta de conhecimento) de algumas pessoas que, não sendo umbandistas, insistem em expressar opiniões preconceituosas, a elas dedico esta matéria.

            Uma das diretrizes trazidas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, por ocasião da anunciação da Umbanda no plano físico, evento histórico ocorrido em 15/16 de novembro de 1908, em Neves, São Gonçalo, RJ, é a que diz respeito à IGUALDADE.

            Sabemos que na atual sociedade, com valores deturpados ou invertidos, é comum as pessoas avaliarem umas as outras, não pelo grau de espiritualidade, caráter, boas ações ou honestidade, mas sim pelo que se apresenta ou ostenta em termos de posses.

            Dentro deste contexto é corriqueiro embora extremamente falho, valorizar ou conceituar os habitantes deste planeta tendo como base a apresentação pessoal externa do indivíduo, ao invés de se atentar para os qualificativos internos (subjetivos).  Prioriza-se bens materiais em detrimento das virtudes.

            E é justamente por isto que a Umbanda adotou o vestuário uniforme (branco, é claro!), para que alguns assistentes ainda enraizados e equivocados conceitos, não tenham como dar vazão aos seus distorcidos juízos de valor.

            Assim, quem adentra um terreiro na esperança de cura ou melhora de seus problemas jamais terá a oportunidade de identificar no corpo mediúnico, todos com trajes iguais, eventuais ou supostas diferenças intelectuais, culturais e sociais. Não terá a oportunidade de saber que por trás daquela roupa sacerdotal se encontra um engenheiro, um diplomata, um rico empresário, um camelô, ou uma empregada doméstica.

            Porque há quem vincule a eficácia de um socorro espiritual tomando por parâmetro o próprio médium através do qual a entidade espiritual se manifesta. Se o medianeiro atuasse nas sessões espírito-caritativas com trajes civis, as pessoas que pensam da forma retrocitada passariam a tentar avaliar o grau de intelectualidade, de situação financeira, social etc, pela qualidade do vestuário apresentado pelos médiuns.

            Então, sacerdotes calçando sapatos de fino couro, camisas e calças de marcas famosas, seriam facilmente identificados e preferencialmente procurados. Outros tantos, humildes na sua apresentação, seriam deixados em segundo plano.

            Observem as reuniões de certos segmentos religiosos, críticos da Umbanda, o que acontece durante seus cultos: Desfiles de roupas de grife, ternos arrojados, calçados importados, em verdadeira hemorragia de vaidade e autoafirmação. Estes que assim se apresentam são o centro das atenções, admirações, bajulações e exaltações, enquanto aqueles que não têm condições financeiras de se vestir,  suportam a indiferença e o ostracismo.

            Em nossa religião isto não acontece (em templos de umbanda sérios!), porque mesmo aquele que se apresenta em trajes suntuosos, terá que necessariamente substituí-los por um uniforme, uniforme este igual ao que é utilizado por um biscateiro, um magistrado ou um dentista, durante as sessões de terreiro.

            Na umbanda, sopro divino, o personalismo ou destaque individual é algo que jamais deverá existir. Somos meros veículos de manifestação da Espiritualidade Superior, e a par disto devemos sempre nos mostrar coletivamente, sem identificações pessoais ou rótulos, tão somente como elos iguais de mesma força e importância, neste campo de amor e caridade nominado Umbanda.

            Os que se colocam contra o vestuário uniforme dos sacerdotes umbandistas, são aqueles mesmos que, não tendo conhecimento sobre a ação nefasta de certos fluidos etéreo-astrais sobre a matéria, estando em lugares ou com pessoas portadoras de magnetismo inferior, ao chegarem aos centros espíritas (kardecistas) para darem passes, sem tomar banho e trocar de roupa, esta impregnada de cargas fluídico-magnéticas densamente negativas que, por conseguinte, interferem no campo áurico e perispiritual dos médiuns, simplesmente acabam através da imposição e dinamização das mãos, passando ao assistente toda ou parte daquela energia inferior que carregam.

            Na umbanda o uniforme do médium ou está no vestiário do terreiro, e portanto dentro do cinturão de defesa do mesmo, ou está em casa, sendo lavado e passado, longe do contato direto com as forças deletérias.

            Aconselho aos detratores da Umbanda um pouco mais de estudo, humildade e respeito, pois a utilização dos uniformes em nossa liturgia tem fundamento, tem sua razão de ser. Vestimenta sacerdotal umbandista é símbolo de igualdade e fator de higiene astral-física.

            Saravá Umbanda!