Umbanda Hoje

TRABALHO DE VALOR

         Uma proporção considerável da coletividade Umbandista, e estamos nos referindo àquela vinculada aos templos de nossa amada religião, onde desempenham funções pertinentes à atividade religiosa ou como assistentes, parece não valorizar consciente ou inconscientemente importantes elementos humanos de apoio material a uma Gira ou Sessão.

            Gravitando em equivocado juízo de valor, peculiar ao atual estágio evolutivo da humanidade, ante o qual jamais deveremos silenciar, para não incorrermos em reprovável e lamentável omissão, percebemos em alguns núcleos umbandistas que o respeito e o reconhecimento são direcionados apenas àqueles que exercem a faculdade mediúnica pela mecânica da incorporação (acoplamento perispiritual).

            Ainda enraizados no errôneo conceito de que a mediunidade é privilégio concedido a seletos indivíduos para o intercâmbio entre desencarnados e encarnados, e também mais psiquicamente ligados ao aspecto fenomênico do culto, ao invés de observarem o labor umbandista como um grande cenário, onde cada um dos partícipes que o integram atuam de forma variada, porém com a mesma importância, alguns irmãos tratam de colocar em plano secundário ou de somenos relevância, nobres tarefas de auxílio ao bem, fiel e harmônico desenrolar da atividade caritativa.

            Seja limpando cuspidores, atendendo as entidades, lavando o salão de trabalhos mediúnico-espirituais, organizando a assistência para passes e consultas, cantando Pontos, ritmando instrumentos de percussão (onde houver), laborando na cantina e/ou realizando assepsia nos banheiros e vestiários, as pessoas que exercem estas funções merecem todo o nosso carinho e consideração. São verdadeiros legionários de retaguarda, dando o suor do próprio corpo e expressando seu amor pela religião. Têm a consciência exata de papel que desempenham, e sabem que não podem faltar com suas atribuições, atribuições estas que muitos não querem assumir por considerarem lesivas e depreciativas ao seu “status” de médium incorporante.

            Duvidam que isto exista? Então façamos uma experiência. Escalemos médiuns de incorporação para que em dias pré-determinados exerçam uma ou mais das atividades retrocitadas. Observarão alguns aceitando de bom grado o encargo que lhes confiaram. Infelizmente, no entanto, perceberão  outros repudiarem tácita ou expressamente a norma imposta. Ficarão inconformados, coléricos, desapontados. Poderão até realizar aquilo que lhes foi designado, mas tão somente para manterem a falsa imagem que refletem, ou simplesmente faltarem às sessões nestas ocasiões específicas.

            E de quem é a culpa? Asseveramos convictos: É do dirigente  do Templo.

            Porque, via de regra, os médiuns que compõem o corpo sacerdotal da casa são em sua maioria  o espelho daquele que os dirige ou preside. Assim, se o presidente e/ou diretor de culto é zeloso, bondoso, humilde, simples e fraterno, por certo este comportamento influenciará positivamente no correto proceder daqueles que lhes são subordinados. Os que não se moldarem conforme o correto padrão com certeza se afastarão da casa.

            Todavia, se for um comandante terreno vaidoso, egoísta, egocêntrico, ególatra, e aí por diante, constituir-se-á em péssimo referencial para os filhos do terreiro, ajudando a esculpir sacerdotes de má índole e a alimentar ainda mais os de personalidade semelhante.

            É crucial que os presidentes e/ou diretores de culto fiquem atentos às questões aqui levantadas. Não se concebe termos segregações, preconceitos ou discriminações dentro das Casas Umbandistas.

            Você que é um dirigente sério e comprometido com os ideais da religião, ou é médium cônscio de sua responsabilidade, dêem ou continuem a dar exemplos benéficos aos medianeiros da Instituição religiosa que dirige ou trabalha.

            Assim agindo, inexoravelmente terão médiuns mais comprometidos, sérios e mais bem preparados a dignificar o sagrado nome Umbanda.

            Valorizemos os cambonos, percussionistas, cantores e demais auxiliares, elos inquebrantáveis desta grande corrente de amor que é a Umbanda.

            Saravá irmãos!