Umbanda Hoje

OST – UMA TRISTE REALIDADE

            Cada vez mais toma espaço dentro de nossa religião a insatisfação, a desconfiança e o descrédito para com uma significativa parte dos templos umbandistas, reflexo da crise de valores morais, éticos e procedimentais que permeiam a humanidade, gerando grande êxodo (fuga/saída) de médiuns e assistentes de nosso segmento de fé. A este fenômeno centrífugo que abala os alicerces materiais da Umbanda-Religião, nominamos de Os Sem Terreiro (OST).

                Utilizamos a nomenclatura acima para chamarmos a atenção e à responsabilidade os presidentes e/ou diretores mediúnicos de culto sobre esta expressão de protesto que, a nosso ver, ainda não foi percebida, ou está sendo desprezada pelos que têm atribuição de comando material templário e/ou de porta-vozes da coletividade umbandista.

            Inertes, consciente ou inconscientemente, os responsáveis por núcleos de religiosidade umbandista testemunham o esvaziamento do corpo sacerdotal e dos frequentadores; o afastamento de médiuns com qualidades, aptos a serem instrumentos de intermediação entre os planos espiritual e físico; a perda de assistentes convictos e cônscios de sua religiosidade, grupos que se põem à espera ou à procura  de um lugar onde realmente percebam  toda a beleza, toda a luz, toda a seriedade e toda a simplicidade de nossa religião. Semelhante aos retirantes que abandonam o solo árido e estéril, tentando alcançar terras produtivas a lhes saciarem a fome e a sede, também no Movimento Umbandista temos os nossos famintos e sedentos irmãos de fé, ansiosos por encontrarem um oásis umbandista, local de fartura espiritual e fraternal, onde dignamente poderão exercitar o seu religare, expressar sua fé, e se abrigarem das intempéries da vida, recebendo conselhos e consolos.

            Diante de tal cenário, triste aos nossos olhos, mas que serve de alerta aos que amam a nossa querida Umbanda, não faltam justificativas infundadas, medíocres e precárias, emanadas por hipócritas, tentativa infrutífera de se eximirem das responsabilidades que lhes são inerentes, “salvar a própria pele”, dizem alguns. Para os que assim procedem a situação ora apresentada deve-se tão somente aos desígnios divinos, e que por conta disto, o melhor é deixar que Ela, a Espiritualidade, se encarregue de equacionar e dirimir tal questão. É este o tipo de pensamento que costuma ser apregoado e difundido pelos que, ao invés de observarem a nocividade de seus atos e omissões, tratam de se isentarem da culpa que lhes cabe para o crescente número de médiuns e assistentes que se afastam dos terreiros (alguns até da religião).

            Transferir para a Espiritualidade a responsabilidade (culpa) por atos e fatos negativos que ao longo do tempo têm ocorrido em nosso meio religioso é, no mínimo, paradoxal e leviano, revelando também “ingenuidade” inescusável no trato das questões religiosas.

            Paradoxal na medida em que, em se responsabilizando o Mundo Espiritual, aí incluindo Deus, é claro, pelos males existentes na Umbanda-Religião, incoerente se mostraria o labor das entidades espirituais para sanarem ou minorarem problemas inseridos no seio de nossa coletividade religiosa. Além disto, o trabalho do corpo sacerdotal seria o de “enxugar gelo”, sem sentido, sem propósito. Não haveria, portanto, para os médiuns dirigentes que fogem de suas responsabilidades motivo algum para os medianeiros estarem nos terreiros intermediando auxílio aos consulentes, cujas celeumas teriam como causa a própria Espiritualidade, dizem eles. Ora, o que fazem então de cachimbo e charuto na boca os que defendem este tipo de pensamento?

            A leviandade aflora quando estas deturpadas mentes têm a audácia de macularem o nome do Arquiteto Universal e de seus enviados espirituais, que tanto trabalham pra o progresso da humanidade, apontando-os como os causadores de tudo de mal que nos cerca ou atinge. Pensam que as Leis de Causa e Efeito e Ação e Reação, não os atingirá por tal conduta. Como estão enganados!

            E a “ingenuidade” inescusável, onde aparece? Ela se mostra a partir do fato de muitos desses irresponsáveis acharem, pasmem os leitores, ser possível ludibriar o Plano Astral! Incrível? Pois eles se apresentam como possuidores desta insólita possibilidade. Fazer o quê? Deixem que colham o que estão plantando.

            Os umbandistas sérios e devotados à causa de nossa religião, médiuns e fiéis, estão fartos de tanto circo, de mistificações, de engodos, de vaidades, de conchavos, de omissões, de mau caratismo  e outras cretinices existentes dentro da Umbanda. Querem sim, é se vincular a um Templo de Umbanda presidido por pessoas compromissadas com os postulados da religião; que carreguem com orgulho e amor o nome Umbanda; onde existam imparcialidade, simplicidade, seriedade, dedicação, a presença de eflúvios espirituais positivos, e da inquebrantável corrente de espíritos e sacerdotes, unidos para ajudar ao próximo.

            Estamos ao lado e apoiamos integralmente os médiuns e fiéis Sem-Terreiro. Preferível  estar à espera ou à procura de um terreiro sério, com a consciência tranquila, do que frequentar um picadeiro e bater palmas para aqueles de bolinha vermelha no nariz!

            Saravá Umbanda!