Umbanda Hoje

ARAPUCAS VIRTUAIS

       É fato. E não adianta apresentarem justificativas surreais, argumentos arenosos, que não resistem a uma lufada de lógica e bom senso, para continuarem com suas ações/omissões deletérias contra o bom nome e  a solar imagem de nossa querida Umbanda. Referimo-nos a como agem muitos youtubers/influenciadores digitais conectados ao universo umbandista, responsáveis pela veículação de informações distorcidas e/ou sensacionalistas para um grande número de umbandistas e afins que a eles recorrem, a princípio, para aquisição de conhecimento e maior clareza sobre conceitos e práticas correntes na Umbanda.

            Mas…que fato ou fatos são estes? É prudente, antes de prosseguirmos, que apontemos a diferença entre FATO e ATO. E o faremos em relação ao caráter ostensivo de ambos, a fim de que os amigos leitores possam linkar o presente texto ao título, e assim extrairem e compreenderem com maior precisão a mensagem, cujo teor de ALERTA e PREVENÇÃO, servirá a muitos que navegam pelas águas turvas e agitadas da Internet.

            De forma sucinta e didática conceituamos ATO a toda ação que depende da própria vontade de quem o pratica, seja de um indívíduo, seja de um grupo, vale dizer, não está subordinado a anuência de terceiros.       Como exemplo, citemos a ação em que um indivíduo fale mal de nossa religião. Este ato (falar mal da Umbanda) independe da vontade de outras pessoas, pois é uma ação originada da verbalização de uma ou mais pessoas e que não depende do arbítrio de outras para ser concretizada.

            Já o FATO é acontecimento que independente da vontade do observador ou observadores, vale dizer, é a concretização de uma ação, humana ou não,  vista ou conhecida por outras pessoas. Como exemplo, citemos um grupo de pessoas, de uma lado da rua, observando alguém lançando pedras na direção de uma vitrine, estilhançando os vidros. Os que testemunharam a destruição da fachada de vidro ou tomaram ciência que o dano aconteceu, conceituam o ato destrutivo como sendo um FATO ou acontecimento realizado por alguém, que ocorreu por ação alheia à vontade de terceiros. Na mesma linha, outro exemplo de FATO é quando observamos tempestades, ventanias e outros fenômenos da natureza. São fatos, são acontecimentos. Dependem da sua ou de minha vontade? Não. Acontecem, sendo testemunhados ou não.

            ATO  é ação, é o que nós fazemos, na presença ou não de terceiros.

            FATO é acontecimento, seja de origem humana ou da natureza, que nós observamos ou tomamos conhecimento.

            Voltemos nossas atenções para o cerne da questão. Como dito lá trás, nosso foco diz respeito a certos e determinados ‘produtores’ ou transmissores de “conteúdo”, os nominados youtubers, que utilizam uma ou mais plataformas de imagem para criarem vídeos em que o assunto seja a Umhanda. Não negamos que o mundo virtual seja um poderoso veículo de difusão, dando conhecimento de forma rápida e alcance inestimável a uma gama de pessoas que buscam entender ou absorver mais saber sobre nossa religião. Deixando à parte os umbandistas sérios e comprometidos com a religião, é público e notório que existe uma avalanche de indivíduos que fazem de tudo para ganharem visualizações e likes em seus respectivos canais de comunicação, colocando a Umbanda como mero chamariz aos seus interesses financeiros e egocentristas. Para estes a religião é um mero instrumento de monetização, de faturamento, através do qual lançam, sem filtro algum – até porque, para haver filtro, é necessário responsabilidade, conhecimento, cultura, intelecto e vivência religiosa, requisitos que lhes faltam ou, os tendo, ocultam o que é de seu interesse – informações que distorcem, denigrem, depreciam, menosprezam, vilipendiam e transformam a imagem da Umbanda num circo dos horrores. Criam vídeos medíocres, com conteúdo desabonador, jogando nossa religião na vala-comum das atividades repelidas. Limites? Para quem assim procede não há, acredite!! São capazes das mais repugnantes condutas para atrair a atenção do grande público que navega nas redes sociais. Exemplos? São muitos,  o que nos faz citar alguns, cujas táticas empregadas são ardilosas, vis, chafurdadas de más intenções.

            Quem nunca se deparou com vídeos em que o título “impactante” era a primeira isca jogada para atrair os olhares de incaultos e ingênuos? Chamadas tais como Como saber os nomes de suas Entidades; Como incorporar; Como se tornar médium; Como descobrir seus Orixás; Como fazer feitiços; Como abrir uma Sessão; Como riscar Pontos; Saiba o nome dos seus Exus; Como firmar a cabeça; Como fazer uma tronqueira; 10 coisas que você precisa saber para ser umbandista; Como fazer o Preto-Velho falar; Como fazer para sua oferenda dar certo Como abrir os olhos quando estiver incorporado. Aprenda a dar passes; Como dar consultas incorporado; Como ser “pai de santo”, Como conseguir médiuns para seu terreiro; Como ter uma assistência cheia; etc. etc. etc. São tantas frases apelativas já vistas, que se as colocássemos aqui, gastaríamos uma dezena de folhas só para cita-las. Enfim, não se enganem, cuidado com estes anzóis pontiagudos, prontos para fisgar adeptos e simpatizantes da Umbanda. E estes mesmos que utilizam tais recursos “atrativos”, acabam entrando num caminho sem volta, pois, desejando ter mais visualizações e likes (“curtidas”), incrementam ainda mais os títulos da capa de seus vídeos, jogam o maior número possível de vídeos na rede, não importando o quão nocivo sejam para a imagem da Umbanda. Aqui apresentamos a primeira das arapucas (armadilhas) virtuais:  A que recai sobre seus próprios criadores,  os “produtores de conteúdo”. Movidos por interesses financeiros, vaidade, egocentrismo, busca de maior difusão de seus vídeos e quantidade de likes, não conseguem mais se livrar do pantanoso labirinto que eles próprios criaram. Para faturarem, eles sabem que tem que derramar vídeos na rede quase que diariamente, com chamadas de capa cada vez mais chocantes, bizarras, sugestivas, sem o que, seu pequeno “mundo” virtual começa a desmoronar. A segunda arapuca (armadilha) é aquela direcionada aos que buscam meios que supõem mais facéis, cômodos, sem esforço, sem raciocínio, sem estudo e dedicação, sem vivência religiosa, para adquirirem informações pertinentes à Umbanda. Atraídos pelos títulos dos vídeos, e sem instrumentos próprios para, ao menos, desconfiar do que  é dito e visto, passam a ter como verdade aquilo que ouvem e veem, sem se atentarem que podem estar sendo tragados por aventureiros e oportunistas que nenhum compromisso e responsabilidade têm, nem com a Umbanda, nem com quem vê suas postagens.

            Para que os nobre leitores possam mensurar  a ausência de limites de certos produtores de conteúdo virtual, o que dizer sobre as tais entrevistas em vídeo dadas por espíritos ou supostos espíritos que inundam as redes sociais? Será que entidades espirituais, com ordens e direito de trabalho outorgados pelo plano divino, e ligados à Corrente Astral de Umbanda, prestariam-se a tal exposição? Serão mesmo espíritos? Ou será apenas a resultante de animismo ou mistificação aflorados daquele que “faz o diabo” para ser o centro das atenções e bajulações, subjugando a fé de muitos desprevenidos aos seus caprichos? O que dizer então das não menos contestáveis incorporações nas nominadas Giras online. Com a razão e o bom senso de mãos dadas, é crível, é sensato pensar que espíritos que trabalham dentro dos postulados umbandistas se submetam e ainda façam pose para lives (transmissão ao vivo), discursos e outros atos frente à câmera de um celular? Lembram no ínicio da matéria sobre ATO e FATO. Pois bem, os atos perpetrados por certos youtubers, como os acima mencionados, para  quem os veem tornam-se fatos, e fatos que expõe negativamente, mesmo que no círculo virtual, as bases e diretrizes de nossa religião.

            Outra das incontáveis arapucas que infelizmente tem laçado os desprevenidos diz respeito aos “umbanditas” de google e/ou “umbandistas” de fralda. Os primeiros são aqueles que, sendo meros curiosos sobre a religião, “respiram” sites de busca diariamente, a procura de algo que lhe possa ser útil para repassar a terceiros, como se alguma coisa conhecessem de Umbanda, tentando abarcar para seu domínio pessoas de pouco ou nenhum conhecimento, ou vivência religiosa, para, então, formar o seu rebanho de ovelhas dominadas, tanto fora quanto dentro do círculo virtual. E os umbandistas de fralda? Ah! Como as mídias sociais estão repletas deles. São aqueles que mal ingressaram na Umbanda, como meros frequentadores de terreiros ou médiuns ligados á corrente de um Templo Umbandista,  e que abrem canais nas redes sociais, como o youtube por exemplo, e passam a dar “aulas” sobre as práticas umbandistas (liturgia, ritualística, fundamentos, magia etc.), como verdadeiros professores que dominam qualquer assunto ligado à Umbanda, como se possuíssem experiência/vivência de terreiro, como se tivessem elevado intelecto e farta cultura religiosa, aglutinando sobre si uma pléiade de incautos com sede de conhecimento, mas com ausência de “desconfiômetro”.  

            Não se pode abandonar o binômio Credibilidade-Respeitabilidade; não se pode suprimir a lógica, o bom senso e a razão, ofuscando-as sob o tosco pretexto de se estar fazendo algo para médiuns e fiéis durante a pandemia ou qualquer outro momento excepcional. O fim não justica os meios, a expressão  da fé tem limites, e deve ser exercida de forma a não macular a excelsa imagem da Espiritualidade  e da Umbanda.

            Aos umbandistas, CAUTELA e PREVENÇÃO na Internet.

            Saravá, Umbanda!